“Era meia-noite em ponto quando as raposas se encontraram na clareira. Primeiro, olharam-se de soslaio, desconfiadas. Depois, um sorriso atravessou-lhes ao de leve os olhos cor de mel. Lentamente, aproximaram-se e fecharam-se em círculo. Cofiavam os bigodes com as patas felpudas e regougavam em voz baixa para que ninguém as ouvisse. À sua volta, as árvores perfilavam-se como espectros e a água corria veloz sobre um tapete de seixos macios. Uma quietude opressiva cobria aquela mancha escura onde, mesmo de dia, o sol mal penetrava.”
Fogo/Fire | Cristina Cordeiro
