“Dentro do mar cresce um rio imenso e, maior que a solidão dos pássaros, é a sede dos barqueiros remando pelas luas.
Maior, muito maior do que o canto das aves, cresce e revela-se o rio no seio do mar, inchando, subindo até à flor dos dedos, obrigando os barqueiros a remar sempre, até ao infinito, sempre, sempre.”
Ilustração e design de livro para a Escola Portuguesa de Moçambique, 2023.
“Há muitos anos, numa viagem à Alemanha, comprei um caderno chinês. A capa desse caderno era de seda bordada. Nela podiam ver-se árvores, flores, e um curso de água, no qual navegavam pequenas embarcações. Os barqueiros que se viam nessas embarcações fundiam-se com a paisagem. À medida que eu mexia no caderno, sob diversos ângulos de luz, a seda bordada parecia mudar de tom, como se anoitecesse ou amanhecesse. Os barqueiros pareciam navegar no silêncio, num mundo só deles, no seio da floresta. Foi esse caderno, no qual nunca escrevi, que me sugeriu esta estória." Emília Ferreira