Ilustrações para livro, edição da Escola Portuguesa de Moçambique e Editora Exclamação!.
Capa do livro.
"— Então ouve: conta-se que quando se nasce nos é atribuído um vento, um vento de que a pessoa deve cuidar. Como hoje se tornou hábito deixar os ventos à solta dá esta confusão... Bom, um vento não é um pé de buganvília para estar amarrado e todos os dias tem de andar um bocadinho à solta, só assim é que nos traz os aromas distantes, o canto de um pássaro, uma música ou o beijo de um desconhecido... Todos os dias tem de soltar-se. Muito diferente é abandoná-lo, aí torna-se selvagem.
— Então o vento é como um cão? — perguntou, intrigado, Clarabóia.
— Um cão com feitio de gato. E pode tornar-se perigoso quando entra dentro de ti, levando consigo a memória de outros homens.
— Entra dentro de mim como?
— Pelos orifícios do corpo. O vento costuma vir dormir dentro dos corpos.
Clarabóia desatou a rir.
— Está a brincar". da contracapa do livro