As nossas muitas mortes | Ana Paula Tavares

Ilustração para crónica. 2015

 

“Devíamos conhecer o arco-íris antes que quebrasse.
O Céu está cheio de carapaças de tartaruga”
Palavras de Nguinde Guinde.

Diziam os mais velhos da Kibala e regiões circunvizinhas, que num daqueles lugares próximos e tão parecido com o paraíso que os livros novos trouxeram e espalharam, houve um chefe, um tão grande chefe que decidiu organizar a vida e a morte de todos os parentes e relativos, dos descendentes e os adoptados. O chefe, diziam, olhava os rios com a mesma atenção com que pressentia a gota de água na hora das sementeiras. Possuía a chave de mais de mil provérbios, a memória de todos os misoso mais antigos, uma colecção estranha de poemas para morrer e outra quase igual de palavras para viver. www.redeangola.info